Vagas para Economistas

Professor de Economia
 
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DESCRIÇÃO DA VAGA
Estamos buscando um professor de economia para compor o nosso time.

Introdução à Economia
Curso Profissionalizante
Localidade Cachoeirinha
Horário das 19h. às 22h.
Enviar Currículo: j.pinto@terra.com.br

A confiança do empresário do comércio

 

patricia palermo

 

Patrícia Palermo
Economista-chefe da Fecomércio/RS
Corecon/RS Nº 6589

 

Quais os objetivos da Pesquisa do Índice de Confiança do Empresariado do Comércio, calculado pela Fecomércio?
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) é um indicador calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir de uma pesquisa mensal de sondagem, que visa medir o nível de confiança dos empresários do setor varejista. Para o Rio Grande do Sul (ICEC-RS), a pesquisa é realizada em Porto Alegre ao longo dos dez dias anteriores ao mês de referência e abrange em sua amostra, no mínimo, 328 estabelecimentos comerciais. O objetivo da pesquisa é medir o grau de confiança do empresariado do setor na economia brasileira, na atividade e na própria empresa.

 

Quais as principais constatações na Pesquisa de janeiro e o que deve mudar para a de fevereiro?
Os dados de janeiro mostraram um empresariado bastante pessimista em relação ao momento atual, porém ainda otimista para o futuro, mesmo que em nível mais baixo do que em momentos anteriores, sustentado pelo otimismo quanto ao comércio em geral e quanto à sua própria empresa. No que diz respeito às expectativas quanto à economia brasileira, as perspectivas persistem pessimistas. A perdurar o cenário vigente, não acreditamos em uma mudança de percepção do empresariado nos próximos meses.

 

Com base nas informações, qual a tendência para o primeiro semestre e o ano de 2016?
O cenário de inflação e juros altos, atividade econômica em queda, forte depreciação cambial e resultados negativos das contas públicas são os componentes econômicos que, associados à grande instabilidade no campo político, colocam a confiança do empresariado em situação de pessimismo. Ainda que se espere que em 2016 não se registre quedas tão pronunciadas da confiança como as verificadas em 2015, é pouco provável que haja uma mudança de tendência. Enquanto não houver sinais claros de alterações consistentes na economia, a confiança permanecerá deprimida.

 

Se o País superar a crise política, o empresariado pode voltar a investir?
O Brasil convive hoje com duas crises simultâneas e que se retroalimentam: a crise política e a econômica. Para sair da crise econômica, o País precisa realizar reformas profundas, e, para isso, o governo precisaria de disposição e de um grande capital político. No entanto, nenhumas dessas duas condições se verificam. O governo ainda não está plenamente convencido dos ajustes nas contas públicas que deve promover e do grande dano que suas intervenções microeconômicas geram na dinâmica da economia nacional. No âmbito político, não há coesão nem no governo, nem na oposição. Vivemos um tempo de escassez de lideranças e com isso de adiamento de soluções. O investimento somente vai retornar à economia brasileira quando ficar clara a dinâmica do País no médio prazo, algo que hoje ninguém sabe determinar tamanha a incerteza no momento atual.

Projetos de viabilidade econômico-financeira

 abel

Carlos Alberto da Rosa Abel
Economista, Consultor de Empresas
Corecon/RS nº 3159

 

Que fatores são levados em conta para a elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira?
São muitas as variáveis envolvidas, cabendo destacar o fluxo de caixa projetado, que abrange a capacidade de pagamento do financiamento, bem como o mercado. É muito importante calcular a necessidade de capital de giro incremental do projeto, para que a empresa não seja surpreendida com incremento de custos e despesas além do previsto.


Esses projetos podem ter expectativa de curto, médio e longo prazo?
Sim, podem. Mas normalmente prevalece a expectativa de longo prazo, uma vez que os projetos de investimento possuem tempo de maturação maior.


Quais as probabilidades de esses projetos atingirem os objetivos no prazo e formato prospectados?
Normalmente trabalhamos com três cenários: pessimista, intermediário e otimista. E isso oferece maior tranquilidade ao empresário no que diz respeito ao possível sucesso do projeto. É importante sempre realizar uma pré-análise, verificando os objetivos do investimento e as metas num estudo simplificado, que tende a oferecer um indicativo preliminar do potencial do negócio.

 

Qual o perfil do cliente que procura esse tipo de projeto?
Pessoas jurídicas de pequeno e médio porte, com receita operacional bruta anual de até R$ 90 milhões. Mas já elaboramos diversos estudos também para grandes empresas.

 

Como está atualmente o mercado para project finance, que são os projetos estruturados acima de R$ 10 milhões?
Atualmente, em função do delicado momento econômico, o mercado apresenta baixo volume de projetos, principalmente nos segmentos da economia mais suscetíveis à crise, como o metal mecânico. Certamente, quando o cenário se mostrar mais favorável, o mercado de projetos voltará a se aquecer.

 

Quais os tipos de exigências mais comuns que uma empresa se depara quando busca financiamento?
Em momentos de crise, os bancos se tornam mais seletivos e focam a análise de projetos em empresas com menor risco e com atuação em determinados segmentos da economia. Mas as questões consideradas numa análise não alteram, como as garantias, que devem ser compatíveis com valor do financiamento solicitado, na proporção mínima de 130%; contrapartida de recursos próprios, cuja proporção depende da linha de crédito demandada; análise de mercado e viabilidade (VPL, tempo de retorno, TIR). Outro aspecto importante são as licenças ambientais, que são exigidas pelos agentes financeiros e cujo prazo de obtenção tornou-se muito elevado.

 

Que tipo de qualificação é exigida do profissional que atua na área de projetos de viabilidade econômica?
O Economista deve ter visão de longo prazo, entender os objetivos do investimento para poder projetar o fluxo de caixa da empresa considerando todas as variáveis envolvidas, como mercado, incremento da produção e vendas, capacidade de pagamento, dentre outras. É muito importante também que o consultor econômico-financeiro tenha conhecimento das linhas de crédito de longo prazo oferecidas pelo Sistema BNDES para buscar as melhores condições de enquadramento nas operações de financiamento.

 

Como está o mercado para atuação de economistas nesse tipo de projeto?
Tendo em vista o desfavorável momento econômico, o mercado se tornou mais competitivo. Porém, situações como essa podem gerar oportunidades. Além de sempre ter empresas investindo, há possibilidade de elaborar estudos de viabilidade para saneamento financeiro. Com os bancos mais exigentes na concessão de crédito, este tipo de trabalho tende a trazer maior discernimento ao agente financeiro no que diz respeito ao andamento dos negócios da empresa.

Thirlwall e a natureza do crescimento econômico


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Eduarda Martins Correa da Silveira
Economista
Corecon/RS nº 7310

 

Qual é o argumento central do modelo Thirlwall, concebido pelo professor Anthony Philip Thirlwall?
Thirlwall argumenta que as taxas de crescimento dos países diferem porque o crescimento da demanda não é igual entre os países. Para o autor, o balanço de pagamentos é uma restrição ao crescimento econômico e a razão entre a elasticidade-renda da demanda por exportações e a elasticidade-renda da demanda por importações é uma boa aproximação de grande parte do crescimento econômico de longo prazo dos países. Thirlwall utilizou dados da balança comercial da amostra estudada, chegando a resultados satisfatórios. A proposta do modelo de Thirlwall é a de que um país não pode crescer mais rápido do que a restrição imposta pelo seu balanço de pagamentos, a não ser que possa se financiar indefinidamente, o que é uma hipótese pouco provável, principalmente para as economias em desenvolvimento.

Por que esse modelo se aplica à economia brasileira?
O enfoque dado por Thirlwall está do lado da demanda. E a lógica desse modelo de crescimento passa pelo ajuste estrutural do balanço de pagamentos. Ou seja, para que um país obtenha taxas de crescimento mais elevadas, é importante alterações nas elasticidades-renda da demanda das exportações e das importações. Logo, uma mudança nas bases competitivas dos setores produtivos é fundamental para que o balanço de pagamentos não restrinja o crescimento de longo prazo. Observando o período posterior ao ano de 1995, por exemplo, percebe-se que a economia brasileira vem apresentando taxas de crescimento irregulares. Momentos históricos relevantes podem subsidiar a explicação desse fato, como pós-Plano Real, crise no balanço de pagamentos brasileira no ano de 1999 e alteração no regime cambial, elevação no preço internacional das commodities, principalmente a partir de 2002, além de períodos de volatilidade da liquidez internacional. Convém destacar, também, o período de elevadas taxas de crescimento do PIB brasileiro, a partir do ano de 2004, interrompido no ano de 2009 e retomado no primeiro trimestre do ano de 2010, cuja taxa de crescimento foi de 7,6% ao ano. Porém, desde então, a economia brasileira tem apresentado taxas de crescimento mais modestas, parecendo voltar ao regime de taxa de crescimento próximo ao dos anos de 1990. Tais momentos históricos envolveram modificações nas contas que compõem o balanço de pagamentos e, dessa forma, estudar o comportamento da taxa de crescimento da economia brasileira utilizando o arcabouço teórico de Thirlwall pode ajudar a esclarecer as taxas de crescimento irregular.

Nos últimos anos o Brasil deixou de exportar manufaturados, intensivos (ou não) em tecnologia, especializando-se em exportar commodities agrícolas e minerais. Como essa dinâmica recente das exportações brasileiras corrobora para o modelo de crescimento econômico com restrição externa?
Com a entrada da China na OMC, no ano de 2001, houve alteração no perfil da demanda por commodities. Principalmente a partir de 2006 observa-se uma alteração na pauta de exportações brasileiras, com elevação da participação de produtos classificados como básicos em detrimento daqueles classificados como manufaturados. No final de 2009, as exportações desse tipo de bem “ultrapassam” a exportação dos bens manufaturados, ampliando a importância desses produtos na pauta. É importante destacar, também, a elevação do índice de preços das commodities. A “commoditização” da pauta exportadora brasileira aprofundou o problema de restrição de externa. Ou seja, quando se estima a função demanda por exportações para um período mais recente, a partir de 2001, nota-se que as exportações brasileiras ficaram menos sensíveis à renda mundial. Logo, é oportuno o debate sobre a reprimarização e sobre a possível influência da composição da pauta exportadora brasileira na taxa de crescimento econômico. Observa-se, nesse caso, uma aproximação com a abordagem estruturalista.  

Por que, ao longo de 2015, o volume de exportações, a despeito do overshooting cambial, tem crescido menos do que cresceu em 2014, considerando o período acumulado até novembro?
Uma possível explicação é que as exportações brasileiras tenham ficado, ao longo do tempo, mais sensíveis ao índice de preços das commodities do que a taxa de câmbio real. Embora, considerando o período 2014-2015, acumulado até novembro, tenha ocorrido redução nas exportações para todos os tipos de bens, os bens básicos ainda representam,   no ano de 2015, aproximadamente 46% das exportações brasileira, contra pouco mais de 37% dos produtos classificados como manufaturados.

A safra de verão do RS e o mercado internacional

antonio da luz

 

 

Antonio da Luz
Conselheiro Corecon/RS, Economista-Chefe do Sistema Farsul
Corecon/RS nº 7549

 

Quais as expectativas para os principais grãos na safra de verão no RS?
Os produtores colheram a maior safra da história em 2015, um forte crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Para 2016, a área aumentou 1%, o que significa que a intenção dos produtores era crescer em 2016. Entretanto, primeiramente o atraso no plantio e em seguida as enchentes, ambos ocasionados pelo excesso de chuvas, determinaram perdas imediatas e projeção de queda de produtividade. Com isso, deveremos ter uma queda de 6% na produção para a safra deste ano.

Quando já se podem ter os primeiros resultados da safra de grãos?
Em fevereiro, já há colheita de milho e de arroz. Mas o forte da safra ocorre entre abril e maio.

Entre os principais grãos, arroz, feijão, milho e soja, quais produtos têm a melhor relação de preços para o produtor?
De forma generalizada, os preços dos grãos estão muito baixos no mercado internacional, seja pela queda ocasionada pelos fundamentos de mercado de outras commodities, que terminam refletindo nas commodities agrícolas, como é o caso dos metais e petróleo, ou seja pelo excesso de oferta de grãos no biênio 2014-15. No Brasil, ao contrário do que está acontecendo no mundo, os preços estão em patamares bons em razão da taxa de câmbio. A depreciação do real não impacta da mesma forma no preço de todas os grãos, pois quanto mais internacionalizada for a produção, como no caso da soja, maior correlação entre a taxa de câmbio e o preço. Já para grãos com baixa internacionalização, como o feijão, por exemplo, a taxa de câmbio exerce uma influência menor. Como os preços da soja são os mais influenciados pela taxa de câmbio, então, ela sem dúvida, é a maior beneficiada.

De que forma isso vem se refletindo na alteração da área plantada?
Os produtores rurais, como qualquer empresário que opera em mercado atomizado, têm sua curva de oferta diretamente relacionada ao preço. Quanto maior o preço, maior é a tendência de aumento da produção. Os preços estão em patamares mais elevados de maneira geral, dando os incentivos para um aumento geral da área para o próximo ciclo. Aqueles preços que aumentaram em maior magnitude, como o caso da soja, trouxeram uma elevação da área plantada maior, em torno de 5%.

Quais os impactos da depreciação do real nos resultados finais da safra?
A taxa de câmbio exerce uma influência bidimensional nos mercados agropecuários, pois impacta nos custos de produção e na receita recebida. Os custos de produção são afetados de forma generalizada, pois as produções agropecuárias, salvo exceções, utilizam semelhantes pacotes tecnológicos e com composições de produto importado e nacional muito semelhantes. Se a taxa de câmbio aumenta, os custos de produção também se elevam de forma generalizada. Já as receitas, que dependem do preço recebido, têm um comportamento distinto, dependendo do grau de internacionalização do produto. Para grãos como soja, há ganhos líquidos significativos com a apreciação da taxa de câmbio, enquanto que, para produtos onde o mercado interno exerce maior poder de determinação do preço. No caso do arroz, nesse cenário, os ganhos são limitados ou nulos, e no do feijão, há perdas.

De que forma o fim dos impostos dos produtos de exportação agrícolas argentinos, decretados recentemente pelo governo Macri, pode influenciar nos números desta safra?
O governo Kirshner reeditou medidas que, reconhecidamente, já haviam fracassadas ao longo do século passado. Como brasileiros, devemos estar atentos a estes resultados, pois há diversas pessoas que desejam que o Brasil cometa os mesmos erros da Argentina. A intenção do governo era aumentar a taxa de industrialização dos produtos agropecuários, pressupondo que estes não possuem valor agregado. O resultado, como era de se esperar, foi um desastre. As exportações da famosa carne argentina foram no ano passado 156% inferiores às do ano imediatamente anterior à medida. O maior estoque mundial de soja está na Argentina, sendo mais do que o triplo da China, que é o maior consumidor. O famoso trigo argentino teve a menor área plantada em 110 anos no ano passado, graças também a essas medidas. O resultado prático dessas medidas é que a agropecuária argentina está sucateada. As indústrias fornecedoras, como máquinas agrícolas, fertilizantes, química, farmacêutica, entre outras, minguaram. Os serviços especializados sofreram uma grande depressão e as indústrias compradoras do produto, as supostamente beneficiadas, encolheram sua produção para patamares inferiores às medidas. Somado a isso, ainda perderam o ciclo de expansão de algumas commodities. Foi um caos para o país. Eu não acredito que a próxima safra seja muito influenciada pela Argentina, pois a cadeia produtiva, à montante e à jusante da agropecuária, estão em muito mau estado. Entretanto, as medidas do novo governo vêm ao encontro da pauta do empresariado e, em alguns anos, deverão voltar a ser importantes. Meu único receio é o imenso estoque de soja, que poderá inundar o mercado, caso a tributação venha a ser retirada toda de uma vez.

Como fica a tendência da área plantada da soja, nosso principal grão de exportação, para os próximos anos, em função dos preços internacionais?
Os preços internacionais estão baixos, não por falta de demanda, mas por excesso de oferta. Nós continuamos a expandir a oferta porque a taxa de câmbio mascara a queda dos preços lá fora. Creio que enquanto o real continuar depreciado nós poderemos, no mínimo, manter a área plantada. Caso haja uma inflexão na trajetória da taxa de câmbio, possivelmente precisaremos fazer as mesmas correções na oferta que estão sendo feitas lá fora.

Como está a relação custo de produção/lucro desta safra?
As margens de lucro estão extremamente achatadas. Os custos de produção aumentaram em média 25% entre as safras 2015 e 2016. O principal item, como já mencionado, foi a taxa de câmbio, mas tivemos também fortes aumentos nos combustíveis, na energia elétrica e nos juros do crédito. É bem verdade que os preços recebidos também aumentaram, mas a expectativa de menor produtividade em razão do “El Niño” coloca todo o mundo em risco elevado.

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