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O jeito do economista pensar não mudou, as ferramentas sim, diz novo presidente do Corecon-RS

A aceleração digital tem impactado diversas atividades e na área de economia não é diferente. O amplo acesso a dados e o surgimento de ferramentas de inteligência artificial prometem, cada vez mais, transformar o dia a dia do economista. Na visão do presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon-RS), Bruno Lanzer, essas novidades podem servir muito mais como aliadas do que como inimigas da profissão. Recém empossado no comando do Conselho, Lanzer aborda, em entrevista ao Jornal do Comércio, o papel do economista na sociedade atual, os desafios que terá à frente da entidade, entre outros assuntos que envolvem o vasto campo da economia.

Conte sobre a sua trajetória no Corecon-RS e o sentimento de assumir essa função como presidente do Corecon-RS ao longo deste ano. 

Entrei no conselho em 2022, fui vice-presidente em 2023, na gestão anterior junto ao Guilherme Stein e neste ano assumi a presidência. Fui eleito em janeiro, acompanhado de Marisa Golin, que é minha vice-presidente. É uma honra ser presidente do Conselho. Tenho o desafio de fazer uma gestão tão boa quanto foram as outras. É também uma responsabilidade muito grande, porque temos cerca de 3 mil economistas registrados. A nossa função principal é registrar, disciplinar e exercer a fiscalização da profissão, mas o Conselho acaba sendo um elo entre a sociedade civil e o economista. Então a gente tem o papel de representá-lo de certa forma. Também temos a função de promoção e defesa da profissão. 

Quais são os principais desafios que a sua gestão deve enfrentar neste ano? Lanzer - O grande desafio que temos envolvem os registros dos economistas. Para isso, devemos nos aproximar mais das universidades e esclarecer a importância do registro. Pensamos em retornar com o Corecon acadêmico, que era uma atividade que tínhamos. Além disso, anualmente, promovemos um encontro de Economia. Este ano realizaremos junto o Enesul, que é um encontro de economia em conjunto com os outros conselhos profissionais do Sul, ou seja, Paraná e Santa Catarina. Junto, também vamos organizar o encontro de Peritos. Então serão três eventos em duas datas ainda não definidas, mas que devem ser marcadas entre agosto e setembro deste ano. No encontro de economia do ano passado, voltado especialmente para estudantes de todo o Estado, tivemos em torno de 500 participantes. Em 2024, queremos, pelo menos, repetir este número.Jornal do Comércio - Qual o balanço e avanços conquistados pela gestão passada quando era vice-presidente? Lanzer - Acredito que tivemos alguns percalços e alguns avanços. Creio que o grande avanço foi ter sido o primeiro conselho regional de economia a implementar o sistema eletrônico de licitações. Teve a vigência da nova lei de licitações que obriga a realização de todos os pregões no formato online. Fomos o primeiro a implementar, o que considero o grande mérito do presidente (Guilherme Stein) e de todos os colaboradores do Conselho. Além disso, o encontro que realizamos no meio do ano teve recorde de público e grande repercussão na imprensa. Creio que foram as duas grandes marcas da gestão passada.

Nestes encontros, vocês debatem a conjuntura econômica do País. Qual a sua visão para o cenário econômico deste ano?

 Falando um pouco de Brasil, o que é uma opinião do Bruno Lanzer pessoa física e não como presidente do Conselho, pois não há uma visão única, temos uma grande questão que vinha de anos anteriores que é a inflação. Estava em um patamar muito elevado e, com isso, tivemos sucessivas altas na taxa básica de juros para tentar conter esse problema. Agora, a inflação vem retornando de forma lenta para a meta e, com isso, a taxa de juros também vem caindo, o que é uma notícia positiva. Por outro lado, temos o problema fiscal, que vem nos rondando. No ano passado, houve um déficit grande das contas públicas do Brasil de mais de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) e o governo está prometendo, para este ano, déficit zero este ano, o que será um grande desafio, principalmente por ser um ano de eleições. Vejo que quanto mais rápido o governo federal conseguir fazer uma poupança mais célere será a queda dos juros. O crescimento também deve ser menor do que no ano passado, que, apesar de não termos os dados oficiais, deve ter ficado na casa dos 3%. Devemos voltar ao patamar histórico do Brasil dos últimos anos de crescimento de cerca de 2%, o que preocupa. Precisamos crescer mais.

Qual o caminho para retomar o crescimento em um nível mais elevado? 

Precisamos continuar com a agenda de reformas. Tivemos a reforma tributária no ano passado e seria importante avançar em outras frentes, como a reforma administrativa. Acho pouco provável colocar em prática uma reforma desse tamanho em ano de eleição, quando se tem interesses diversos, mas, na minha opinião, seria isso que o governo deveria fazer para conseguir aumentar a produtividade e continuar a crescer. Para isso também deve ser olhado o lado fiscal. É preciso gastar um pouco menos do que está gastando. Jornal do Comércio - E a economia gaúcha deve seguir o mesmo desempenho da nacional? Lanzer - O Estado costuma caminhar junto com o Brasil, mas temos ‘aquele eletrocardiograma’ em razão do clima. O agro tem um peso muito grande no Rio Grande do Sul. Afeta toda uma cadeia. Então dependemos de como as coisas vão caminhar em termos de produção agrícola. Há a perspectiva de que o Estado cresça mais do que no ano passado, que foi um ano bastante difícil, com seca e período de enchentes. Este ano acho até que vai vai caminhar um pouco melhor do que o Brasil.

Como o papel do economista tem mudado neste mundo digital e de novas ferramentas tecnológicas? 

O papel do economista mudou bastante neste novo cenário. Antigamente, não tínhamos acesso a esse volume de dados que temos hoje. Com o desafio de trabalhar esses dados veio a profissão de analista de dados, que é uma área que o economista pode atuar fortemente com o seu conhecimento teórico, por exemplo. E tem agora esse desafio com a Inteligência Artificial em que as coisas são implementadas praticamente de forma automática. Particularmente, não vejo isso como um problema para a profissão do economista, mas como um auxílio. Você acaba ganhando tempo com essas ferramentas, vai aumentar a eficiência dos profissionais. O jeito do economista pensar não mudou, as ferramentas que mudarem. A teoria econômica vai mudando com o tempo, mas a base segue a mesma. Portanto, cabe ao profissional se qualificar para interagir com essas novas tecnologias e o Conselho tem o papel de ajudar nesta questão.

 

Leia a materia na integra em Jornal do Comércio