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Futuro do Capitalismo

O sistema capitalista começou a ser praticado no século 8, como alternativa ao sistema feudal, que entrara em decadência em consequência da fome, das guerras e da peste negra que se alastrava na Europa Ocidental. Com o surgimento da Burguesia - classe social que detinha os meios de produção, as pessoas fugiam em massa dos feudos agrícolas, provocando o êxodo rural, concentrando-se nas cidades em busca de melhores condições para viver. O surgimento da moeda, o desenvolvimento das cidades medievais e da intensificação das atividades comerciais, foi essencial para que o sistema feudal entrasse em declínio. Surge aí o capitalismo, um sistema econômico no qual o principal objetivo se dá pela obtenção do lucro e da proteção privada. O acúmulo de capital, tanto pelos governos quanto pelos indivíduos, é representado na forma de bens e dinheiro.

O primeiro país a adotar o sistema capitalista foi a Inglaterra, em 1760, tendo como marco inicial a introdução da máquina a vapor na produção, o que deu início a transição de uma produção manufatureira para uma produção industrial. Daí em diante, em função do sucesso da produção em massa e da maior oferta de produtos para o consumo, o capitalismo se expandiu para quase todo o mundo, marcando a sua existência definitiva a partir do século 15. Na sua trajetória o capitalismo está dividido em três fases; o capitalismo comercial, o capitalismo industrial, o capitalismo financeiro e o capitalismo informacional. Atualmente está na sua terceira fase; o capitalismo financeiro, caracterizado pela especulação financeira em torno de ações de empresas, juros etc. Mesmo que se considere o capitalismo como um sistema econômico, é necessário se ter em mente que o modo de produção vai interferir diretamente em aspectos políticos, sociais e econômicos, ou seja, o sistema vai influenciar na organização de todos os aspectos de uma sociedade.

Não há dúvida de que grande parte da população mundial se beneficiou e ainda se beneficia dos resultados do capitalismo. Em apenas 200 anos, 85% da população mundial vivia em extrema pobreza - com menos um dólar por dia, hoje esse índice está em 16%. Apesar disso, o capitalismo, hoje, está em constante ataque por várias razões; os detentores do poder econômico buscam tão somente a maximização do lucro a qualquer preço, sem medir as consequências do sacrifício das pessoas ou das nações impossibilitadas de participar do sucesso de uma camada cada vez mais concentrada de beneficiários. Assim como já tivemos nos feudos três classes distintas; a Nobreza, a classe mais alta, proprietária de terras que determinavam as regras dentro dos feudos; o Clero, composto pelos membros da Igreja Católica, instituição poderosa que, além de evangelizar era grande proprietária de terras e os Servos, trabalhadores dos feudos que tinham tão somente o direito a salários, ou trabalhavam em troca de lugar para viver e se alimentar. No capitalismo segue-se no mesmo ritmo.

A voracidade pelo lucro em função da produção em massa e da necessidade de consumo dos oito bilhões de habitantes do planeta, já se discute até quando haverá matéria prima na natureza para sustentar o sistema, visto que a exploração constante e desenfreada tem deixado um saldo de devastação profunda no meio ambiente. Além disso, o fato mais importante atribuído ao sistema capitalista é a intensificação das desigualdades sociais. A busca incessante por lucros faz com que haja a exploração do trabalho humano por parte dos donos dos meios de produção. Isso ocorre com mais intensidade pela ausência de oportunidades de empregos. Como existe uma grande e crescente oferta de trabalhadores os salários consequentemente são baixos, além da modernização da produção que retira um número elevado de postos de trabalho. Quem sabe um novo sistema possa surgir em que as pessoas possam ser mais importantes do que elas realmente são, ou que os valores humanos estejam acima dos valores materiais.


Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 17/11/22.