programa nacional de prevencao l ogo

Logo ENEFlogo programa prevencao corrupcao150

Inflação ou deflação, eis a questão

Todas as alterações de rumo nas políticas econômicas que resultem em aumento da inflação merecem atenção especial, pois prejudica não apenas os investimentos e crescimento do País, mas também impõem elevados custos sociais, custos estes que tendem a ser inversamente relacionados ao nível de renda dos indivíduos, implicando maior penalização aos mais pobres.

A inflação brasileira em 2022, prevista pelo mercado financeiro, passou de 7,02% para 6,82%, ou seja, uma redução explicada pela tendência de queda dos preços na economia. O cenário de queda da inflação é uma boa notícia para a população que teme o retorno dos tempos difíceis com o avanço dos preços relativos de produtos e serviços, que impactam diretamente no bolso de todos, aumentando gastos na aquisição de bens necessários. Com o cenário da inflação sob controle, surge outra preocupação; a “deflação”.

A deflação é o processo inverso da inflação, ou seja, ocorre quando os índices de preços passam a cair ao invés de subir. As causas da deflação estão relacionadas com a oferta maior de produtos e serviços em contrapartida a demanda menor. Em países em desenvolvimento, a inflação parece fazer parte do cotidiano das pessoas que costumam pesquisar preços, na busca das melhores ofertas. Já num cenário de deflação, parece agradar a todos responsáveis pela gestão financeira dos países, o que não deixa de ser verdade, mas deflação por longos períodos pode representar um grande perigo para a economia de um país.

Um exemplo histórico sobre os efeitos da deflação ocorreu nos Estados Unidos com a queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Quando deflagrada a crise no país americano, naquela época, as empresas foram obrigadas a reduzir os preços dos produtos e serviços, levando o mercado a um estado de recessão. Com a queda dos preços, sem previsão de suba, refletiu diretamente em perdas de empregos e queda da renda das pessoas, colocando todo o país em uma das maiores crises econômico da sua história.

O ideal é que ocorra uma elevação controlada a cada espaço de tempo e com isso eleve também outros indicadores, como renda da população, oferta de empregos e consumo. Num cenário de deflação pode ocorrer, também, menos quantidade de moedas em circulação, pois menos dinheiro circulando significa menos pessoas comprando, o que desestimula ainda mais o consumo e afeta a produção gerando queda dos preços e problemas para a economia. Quando acontece o movimento contrário por muito tempo, pode indicar que há algum problema com a economia do país e que é preciso combater as causas dessa deflação.

O importante é que a população entenda o que é deflação e a partir desse entendimento, possa criar o seu próprio planejamento financeiro e valorize as suas finanças de forma racional e duradoura. O que se deve entender é que a deflação é um processo tão ruim quanto à inflação.  Entender estes conceitos é importante e faz a diferença nos momentos em que as pessoas forem decidir sobre qual a melhor forma de usar o dinheiro que dispõe, não só para encontrar o melhor momento para gastá-lo, quanto para segurá-lo, permitindo fazer uso nas situações imprevisíveis. Para quem tem a possibilidade de poupar dinheiro, certamente poderá realizar projetos futuros ou comprar produtos e serviços a vista e ganhar descontos ou até mesmo ter certa tranqüilidade para situações emergenciais. Nada disso vai deixar as pessoas que possuem alguma reserva financeira isentas dos malefícios dos cenários de crescimento inflacionário ou deflacionário em paz.

A economia é dinâmica e se movimenta em períodos marcados por flutuações que ocorrem em quatro períodos principais: expansão, boom, contração e recessão. Estejamos preparados para vivê-la da melhor forma possível.

 

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 01/09/22.