Janile Soares
Economista, editora do blog A Economista de Batom, especialista em Educação Financeira
Corecon-RS Nº 8336

 

Qual a importância da Semana Nacional de Educação Financeira?
Vivemos em um país cuja parcela de famílias endividadas passa dos 62%, sendo que quase 25% desse total não consegue pagas suas dívidas em dia, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Ao mesmo tempo, vivemos bombardeados de ofertas que nos incitam ao consumo. A Semana Nacional de Educação Financeira vem para abrir os olhos do cidadão para as suas escolhas e mostrar que é possível equilibrar os seus desejos imediatos de consumo com suas necessidades futuras, e que dinheiro não se resume só à acumulação de bens materiais, pois bem é mais que isso: trata de bem estar e de qualidade de vida.

As pessoas já estão aprendendo a organizarem seus gastos domésticos?
É crescente a demanda por conhecimento na área financeira. Mas ainda existe um grau de resistência ao falar sobre o assunto, que, por muitos, ainda é visto como tabu, ou com receio ao encarar a realidade.

Que cuidados deve-se ter para não passar o ano endividado?
A chave para não passar o ano endividado é um bom planejamento, que pode ser feito para o momento atual e para o ano seguinte. Assim é possível minimizar as surpresas desagradáveis. Conhecer as receitas e as despesas é importante. Assim como é importante colocar o planejamento dentro do orçamento.

Qual a época do ano que é mais propícia a endividamentos?
Ao longo do ano temos várias datas comemorativas. Datas que envolvem afetividade e sentimentalismo são onde as oportunidades de gastos e de endividamento são maiores, como Páscoa, Dia das Mães, Natal, etc., pois já é cultural ao consumidor a necessidade de comprar presentes, e isto acontece mesmo que ele não possa pagar no momento, então se endivida.

O que priorizar?
Ter conhecimento das receitas e das despesas é o principal. Investir em conhecimento na área de finanças é uma ótima dica! Mas o importante é lembrar: pague você primeiro. Pagar as despesas essenciais, aquelas que envolvem alimentação, moradia, etc, é fundamental. E, no caso do endividamento, é importante estar atento para livrar-se das dívidas e dos altos juros o quanto antes.

Com mais educação financeira, teríamos níveis mais baixos de inadimplência?
Acredito que se a população aprendesse desde cedo sobre finanças, teríamos níveis mais baixos de inadimplência e uma sociedade plena, pois educação financeira envolve outros aspectos, como o emocional, por exemplo, que impacta diretamente no comportamento do consumidor e seria tratado com mais naturalidade.