Rose Irene Souza Neves
Economista, Analista de Projetos para financiamento a prefeituras do BRDE
Corecon-SC Nº 1840
Qual a estrutura atual da economia do estado de Santa Catarina?
A economia catarinense é bastante diversificada e regionalizada por setores de produção bem definidos. A Grande Florianópolis destaca-se nos setores de tecnologia, turismo, serviços e construção civil. A região oeste concentra atividades de produção alimentar e de móveis. O Planalto Serrano tem a indústria de papel, celulose e da madeira. A região sul do estado destaca-se pelos segmentos do vestuário, plásticos descartáveis, carbonífero e cerâmico. O Vale do Itajaí concentra a indústria têxtil e do vestuário, naval e de tecnologia, e na região norte, predomina o setor metal-mecânico, moveleiro e polo tecnológico. Essa diversificação e concentração em arranjos produtivos explica o maior equilíbrio do mercado, em relação à média brasileira, em tempos de crise. Outro fator importante a se destacar é a potencialidade turística do estado. Nesse cenário, com um vasto litoral, praias paradisíacas e infraestrutura capaz de receber milhares de visitantes anualmente, o turismo impulsiona a economia regional como um todo.
Qual a situação atual da economia do estado de Santa Catarina?
A economia catarinense acelera, mesmo diante de um contexto desfavorável. Destaca-se pelo grande número de micro e pequenas empresas, economia diversificada e espírito empreendedor de seu povo. Talvez, por isso, tenha sofrido menos os impactos da atual conjuntura em comparação à média brasileira. O índice da atividade econômica do estado, com base nos indicadores dos últimos 12 meses até junho, teve um crescimento de 4,7%, sobre o mesmo período anterior. O Brasil, segundo o IBC-Br do Banco Central, considerado uma prévia do PIB, cresceu 1,3% no mesmo período. Apesar dos problemas econômicos e expectativas quanto ao cenário político para o próximo período, houve uma intensificação do ritmo da atividade econômica de Santa Catarina em 2018. A indústria catarinense, na comparação de 12 meses, teve crescimento de 4,8%, permanecendo acima da média nacional de 3,2%, com destaque para os setores metalúrgico (29,7%) e automotivo (12,4%). O setor agropecuário ainda está se recuperando dos embargos havidos em dezembro de 2017, com relação à carne suína, e em abril de 2018, com carnes de aves, além dos efeitos da greve dos caminhoneiros, pela falta de insumos e perda de plantel. Já o setor de serviços, depois de três anos de retração, está em recuperação, refletindo o avanço dos demais setores. Com relação às exportações, Santa Catarina mantém-se como oitavo estado exportador, com 3,73% do total do país, tendo exportado US$ 5,08 bilhões no acumulado do ano.
Que fatores vêm sendo definitivos para o crescimento da economia catarinense?
Apesar dos efeitos da conjuntura nacional/internacional, cujo reflexo impacta de forma contundente nos setores produtivos diretamente expostos às políticas de fornecimento e preços, Santa Catarina aposta em tecnologia e novos nichos de mercado. O que se pode observar, como resultado dos indicadores econômicos-fiscais apresentados, é que, mesmo nessa fase de retração, diversos setores continuam investindo em suas atividades, o que é fundamental para a retomada do crescimento. Há uma expectativa de PIB para Santa Catarina, em 2018, de 4,7% , acima da média do país (1,3%), o que já ocorreu em 2017, quando o estado teve um PIB de 4,0%, superior à média do Brasil, de 1%. A expansão dos polos tecnológicos, a crescente onda de startups e aceleradoras, e outros nichos de mercado, vêm sinalizar que a economia catarinense tem muito espaço pra crescer, mesmo em tempos de crise, retração ou expectativa. Também, a atenção às atividades relacionadas ao turismo estão sendo fundamentais para o crescimento da economia catarinense.
Como está a situação financeira do estado?
A capacidade de o estado investir em suas atividades fins, como saúde, educação, segurança, entre outros, depende de seu equilíbrio orçamentário. Mesmo com passivos elevados, se o saldo patrimonial do ente for confortável, à vista de suas obrigações de médio e longo prazos, no curto prazo, sua preocupação deve se concentrar no balanço orçamentário, equilibrando receitas e despesas. O saldo patrimonial do estado, verificado no Balanço Anual/2017 é da ordem de R$ 20 bilhões. Já o balanço orçamentário, em 2017, apresentou receitas e despesas correntes da ordem de R$ 21 bilhões. Em julho, a Receita Corrente Líquida foi R$ 1,8 bilhão; no acumulado do ano, apresentou uma elevação de 4,7%, onde a Receita Tributária contribuiu com um crescimento de 9,5%, sinalizando melhora no resultado orçamentário. Para equilibrar suas contas, o governo busca reduzir despesas e expandir receitas, resultantes do aumento da atividade econômica, com a consequente elevação da receita tributária.
Que tipo de cenário aguarda as três economias do sul do país para os próximos anos?
Acredito que o Brasil como um todo está em compasso de espera. Podemos vislumbrar diversos cenários, dependendo do candidato que vencer as eleições. Teremos um governo de direita, de extrema-direita, de esquerda, de coalisão? Já existem esses cenários generalistas, atualizados diariamente, conforme as prévias eleitorais, para fins de investimento e mercado de capitais. Resta-nos ficar atentos para focar nas oportunidades. Seja qual for o plano de governo do próximo presidente, há regras pré-estabelecidas a cumprir, o que nos dá fôlego para redirecionar estratégias e se reposicionar economicamente.