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Depressão e economia

eduardoEduardo Fernandes da Silveira

Economista, 1º Lugar “Prêmio Corecon-RS”, Dissertações de Mestrado
Corecon-RS Nº 6708

Qual o objetivo do trabalho “Fatores socioeconômicos e psicossociais relacionados à prevalência da depressão no Brasil”, 1º Lugar no “Prêmio Corecon-RS”, categoria Dissertações de Mestrado?

O objetivo central do trabalho foi mensurar os impactos dos efeitos de fatores socioeconômicos e psicossociais sobre prevalência da depressão, a fim de identificar grupos socioeconômicos mais vulneráveis ao distúrbio e, portanto, direcionar políticas públicas baseadas em evidências a estes indivíduos. Outro objetivo da dissertação foi mensurar as causas da marcante diferença entre as prevalências do distúrbio depressivo entre homens e mulheres observada na literatura especializada.

Quais as principais constatações?

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2013), a prevalência da depressão no Brasil é de 8,3%. No entanto, a proporção de mulheres que declara já ter recebido o diagnóstico de depressão é de mais de 11,04%, enquanto, entre homens, esta estatística é de apenas 3,87%.

Por que isso acontece?

O elemento complicador é que mulheres, em média, têm renda mais baixa, têm mais atribuições na criação dos filhos, são mais vulneráveis à violência, etc. Assim sendo, surge a dúvida se esta diferença é causada pelas variáveis explicativas ou se há algum fator intrínseco à condição feminina que explicaria esta maior prevalência. Em outras palavras, buscaram-se evidências de que mulheres são intrinsicamente mais propensas à depressão. Para isto, utilizei uma adaptação para modelos não lineares da metodologia Oaxaca-Blinder, comumente utilizada para medir diferenciais de salários entre grupos populacionais (por gênero, etnia, etc.).

Qual o universo pesquisado?

Dentre os fatores estudados, destaco características dos indivíduos como gênero, idade, renda, grau de escolaridade, estabilidade da renda, situação conjugal e situação empregatícia; características regionais como áreas urbanas ou rurais e grandes regiões brasileiras; fatores psicossociais, como ter sofrido algum tipo de violência, sofrer de doença crônica ou ter filhos com doenças crônicas, ser usuário de álcool, entre outras.


Que tipo de impacto a depressão pode causar na renda e no emprego?

A depressão é uma doença que afeta a produtividade do indivíduo e sua capacidade de interagir socialmente. Portanto, no curto e médio prazos, quem sofre de depressão, com frequência, tem um rendimento reduzido no trabalho pelo absenteísmo e o presentíssimo, ou seja, quando o indivíduo está presente no trabalho, mas tem o rendimento reduzido. Isso aumenta a probabilidade de demissão. É que muitas pessoas sofrem de depressão sem saber e, portanto, não podem justificar suas ausências ao trabalho, com atestados médicos, por exemplo. No longo prazo, além de sofrer os efeitos cumulativos da baixa produtividade no trabalho, indivíduos com depressão crônica podem ter suas formações acadêmica e profissional comprometidas, o que especialmente mais grave entre jovens.

Que tipo de desafios enfrentaste ao longo do trabalho?

O maior desafio do trabalho foi lidar com variáveis endógenas e correlacionadas entre si, isto é, variáveis que têm relações de causalidade bidirecionais com a variável estudada, como probabilidade de alguém apresentar um quadro depressivo. A pergunta que se faz é se a pessoa está deprimida porque está desempregada ou se está desempregada porque está deprimida? Certamente, ambos casos podem ser verdadeiros, inclusive, simultaneamente. A pessoa perde o emprego por baixo rendimento em função da depressão, o que agrava o quadro da doença e a mantém desempregada. Para mitigar este problema, os efeitos do desemprego foram avaliados isoladamente contra diversas variáveis, apresentando resultados semelhantes, dado que não foi possível encontrar variáveis instrumentais.

Dependendo da dimensão, pode afetar diretamente no rendimento de uma economia?

Certamente. A depressão é uma doença debilitadora e, muitas vezes, silenciosa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 5% da população mundial sofre de depressão, o que representa cerca de 350 milhões de pessoas. Também, segundo a OMS, a depressão é hoje a segunda doença mais custosa para a sociedade, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Só para se ter uma ideia, até 2030 a depressão deverá ser a doença mais prevalente do mundo.

Isso, certamente, acaba gerando um custo à cadeia social?

Sim. Este custo recai sobre a sociedade de diversas maneiras. Como citado anteriormente, a primeira e mais imediata maneira que a depressão afeta a economia de um país, é pela redução da produtividade dos trabalhadores, que, em média, aumentam suas taxas de absenteísmo, presenteísmo, em que o trabalhador está presente, mas com a produtividade comprometida e afastamento por motivos de saúde. A segunda maneira está relacionada com o fato de a depressão ser uma doença mais prevalente entre pessoas jovens. Isso tem um efeito especialmente deletério sobre indivíduos, pois pode atrasar, comprometer ou até impedir as formações acadêmica e técnico-profissional do indivíduo dependendo da gravidade do caso. A terceira é que, a exemplo de outras doenças mais graves, frequentemente, as famílias das pessoas deprimidas, acabam precisando dedicar parte do seu tempo para cuidar do doente ou realizar tarefas que ela normalmente realizaria. A quarta maneira que a doença onera a sociedade é o custo que recai sobre o SUS e o INSS, seja pelo custo do afastamento do trabalho, seja pelo tratamento direto, seja pelo tratamento indireto da doença como uma comorbidade de outras doenças crônicas. Por fim, pode-se dizer que a depressão ainda traz efeitos negativos sobre as vidas das pessoas, afetando relacionamentos, convívio social, entre tantos outros problemas mais difíceis de mensurar.

Qual a importância da metodologia Oaxaca-Blinder, que utilizaste no trabalho?

Sobre a diferença entre as prevalências da depressão entre homens e mulheres, constatou-se que, à exceção da variável “desemprego”, as mulheres são afetadas mais intensamente pelos fatores estudados. Por este motivo, optou-se por incluir a análise de decomposição Oaxaca-Blinder. Esta análise, indicou que, mesmo ao descontarmos os efeitos de diversas variáveis como renda, escolaridade, violência, traumas, etc., cerca de 67% da diferença entre as prevalências da doença entre homens e mulheres ainda permanece. Portanto, com cautela, pode-se afirmar é a parte que pode estar associada a questões intrínsecas a variáveis não observáveis e à condição feminina.

Que tipo de políticas públicas poderiam ser elaboradas com o objetivo de reduzir o impacto da depressão na produtividade dos trabalhadores?

Atualmente, a maior dificuldade na elaboração de políticas públicas é a questão fiscal da União, estados e municípios. Em função disso, é necessário que, além de eficazes, tais políticas sejam viáveis do ponto de vista orçamentário. Portanto, deve-se focar as políticas preventivas à depressão nos grupos mais vulneráveis, como mulheres de baixa renda e baixa escolaridade, especialmente, no que se refere às suas formações acadêmica e profissional. Além disso, é importante que seja aproveitada ao máximo a estrutura já existente e à disposição do Estado. Alguns exemplos, envolveriam o uso dos agentes de saúde e de serviço social, aproveitando visitas para entrevistar pessoas que se enquadrem no perfil de risco. Isso, entre outros benefícios, pode auxiliar a detecção precoce do transtorno, o que aumenta as chances e o custo da recuperação do paciente. Ainda na parte da detecção precoce, treinamento pode ser dado a professores para identificarem crianças e adolescentes com possíveis sinais da doença para que sejam encaminhados a especialistas. Outra possibilidade que pode auxiliar muito e não diz respeito somente a pessoas com risco de depressão é a de creches para mulheres de baixa renda que estudam, no ensino superior ou no ensino técnico-profissionalizante. Por fim, a criação de grupos de convívio em comunidades carentes para idosos, adolescentes e demais pessoas podem ajudar tanto na prevenção quanto no tratamento da depressão.

Quais as principais conclusões do trabalho?

A maior parte dos resultados se mostraram concordantes com a bibliografia especializada e robusta, dado que resultados semelhantes foram obtidos a partir de diferentes metodologias, especificações de modelos e, até mesmo bases de dados. Dentre os resultados principais, destaca-se que a depressão está positivamente associada a pessoas jovens, economicamente vulneráveis - baixa renda e/ou financeiramente dependente de outras pessoas, com baixa escolaridade e desempregadas -, pessoas com doenças crônicas e que sofreram algum trauma como ter sido vítima de violência.