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Analista de Planejamento e Performance III
 
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Economia brasileira, expansão do futuro?

flavio fligenspan

 

Flávio Benevett Fligenspan
Economista, professor da UFRGS
Corecon-RS Nº 3214

Por que a indústria brasileira está demorando para dar sinais de recuperação?
A recuperação de curto prazo é frágil e se dá num contexto estrutural de desindustrialização, ou, em outras palavras, perda de espaço da indústria no PIB, ou, ainda, perda de densidade da indústria no total da economia brasileira. É um processo que vem de longa data. Em 2005, a indústria de transformação, que engloba vestuário, alimentação, metalurgia, automóveis, entre outros, detinha 18% do PIB. Atualmente está com 11% do PIB. Esses números demonstram de forma bastante nítida esse processo de perda de participação. Estou excluindo a indústria extrativa, que tem o petróleo e o minério de ferro, porque ela segue uma lógica muito especial, que depende muito do mercado internacional de commodities.

O que explica essa queda tão acentuada?
O que acontece com a indústria de transformação é muito importante por que representa a nossa situação estrutural, que não tem a ver com a retomada atual, uma ocorrência de curto prazo. Tem a ver, essencialmente, com três variáveis: um salário médio que cresceu nesse período, uma taxa de câmbio que subiu muito pouco e uma produtividade que ficou praticamente estagnada. Para se ter uma referência de competitividade internacional, divide-se o salário em dólar pela produtividade. Quando se misturam essas três variáveis, chega-se a outra variável, que é o custo unitário do trabalho, que, da metade da década de 2000 para cá, subiu 53%. Uma variação muito grande, que dá a ideia de quanto subiu o custo das empresas nesse período. Visto pelo lado da competitividade, significa perda de condições de competir com os produtores estrangeiros, tanto no mercado interno, quanto no mercado internacional.

O que gerou essa alta?
A partir da metade da década de 2000, os salários cresceram em função da elevação do salário mínimo e o dólar não cresceu. Portanto, os salários em dólar cresceram e a produtividade não acompanhou. Esse é o grande problema. Dizer que os salários cresceram no Brasil é excelente, dado o histórico de salários muito baixos. Isso é muito bom, tanto do ponto de vista de justiça social como do ponto de vista de criação de mercados, porque com os salários crescendo, as pessoas passam a ter mais renda para comprar e acabam ajudando a movimentar a atividade econômica. Só que o crescimento desses salários vai repercutir na folha de pagamento das empresas e, consequentemente, nos seus custos. Agora, se a produtividade avança, ou seja, se cada trabalhador, ao longo do tempo, por toda estrutura que a empresa e a economia oferecem, consegue produzir um pouco mais, esse aumento de salários se paga. Só que isso que não aconteceu ao longo de todo esse tempo na economia brasileira.

O que faltou para acontecer?
Não tivemos investimentos dentro das empresas nesse período, como não tivemos melhorias de infraestrutura por parte do estado e do setor privado em áreas como transportes, energia, entre outras. E também não tivemos mudanças institucionais consideradas importantes, como por exemplo a Justiça, que não anda, e que acaba ajudando a travar a economia, pois gera insegurança em relação às ações futuras das empresas, evitando investimentos. Diminuem as chances de comprar novos equipamentos, de criar novas plantas. Tudo isso impacta diretamente no ganho de produtividade, que não aconteceu.

Esses investimentos que não andaram poderiam ter sido feitos pela iniciativa privada ou pelo governo?
As duas coisas. Quando se diz que as empresas investiram pouco, quer dizer da porta da empresa pra dentro. Mas produtividade é algo que vale para a sociedade como um todo. Ao mesmo tempo, os governos deixaram de fazer ações importantes, como em infraestrutura, que seria uma área de ação dos governos, ou deles articulados com o setor privado. Isto acabou gerando elementos suficientes de entrave ao bom funcionamento da economia. Se tudo isso tivesse funcionado melhor, os ganhos de produtividade teriam sido outros.

Mesmo assim, a indústria vai sobrevivendo?
O que foi até aqui é um resumo rápido, falando da parte estrutural. Se falarmos de curto prazo, de conjuntura, percebe-se que a indústria brasileira está apresentando, desde novembro ou dezembro do ano passado, uma suave recuperação de sua atividade. Estou falando da indústria de transformação. Ou seja, está começando a sair da grande confusão dada pela recessão de 2015-2016 e que chegou no ponto mais baixo em outubro e novembro do ano passado. A partir dali, o setor contabilizou uma recuperação, até agosto deste ano, de 4%.

Importante sinal para a economia?
Se olharmos mais friamente os números, concluímos que batemos no fundo do poço em outubro ou novembro do ano passado e esses 4% representam, antes de tudo, que o pior já passou e que estamos, sim, começando a recuperar. O problema é que essa recuperação é muito pequena diante do tamanho da desgraça que aconteceu. Essa recuperação vem ocorrendo ao natural, mas o problema é que ela é muito suave, raquítica, diante da queda que já vinha acontecendo mesmo antes da recessão de 2015.

E nesse contexto, qual o cenário do desemprego?
Da mesma forma que a indústria, o desemprego também bateu no fundo e começa a recuperar um pouco. Tanto que se percebe que os dados nos últimos meses já são positivos. Mas, tal como no caso da retomada da produção, também se trata de uma reação pequena.

Os investimentos estrangeiros no Brasil também diminuíram nesse momento de crise?
Não. Se pegarmos a variável do Balanço de Pagamentos, que se chama investimento direto estrangeiro, percebe-se que o capital estrangeiro que entra no país para ser aplicado na produção, como construção de fábricas, ampliação e modernização de plantas, entre outros, continuou vindo, mesmo nos piores anos de crise, em 2015 e 2016, assim como em 2017, em volume muito grande. Isso é muito interessante. Desde 2015, 2016 e agora em 2017, a previsão é superior a U$ 70 bilhões de investimentos diretos. Isso é uma cifra invejável em qualquer lugar do mundo. A cada dois ou três dias, temos uma notícia importante de uma empresa de capital internacional, na maioria das vezes já estabelecida aqui, informando que está trazendo uma nova planta etc. E esses investidores estrangeiros costumam justificar esse movimento com a alegação de que seria um erro estratégico não participar da expansão de mercado que é projetada no Brasil para os próximos anos. Portanto, eles estão enxergando, sim, oportunidades de expansão no mercado, ou seja, uma luz de um pouco mais de otimismo em relação ao futuro da economia brasileira.
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E sua visão de expectativas para a economia segue essa mesma linha?
Acredito que sim. Acontece que o processo de distribuição de renda que ocorreu no miolo dos anos 2000 na economia brasileira é bastante importante, porque mostrou o potencial de mercado. E é isso que os investidores estrangeiros estão olhando. Lógico que isso pode ser revertido, especialmente diante de eventual quadro de inflação alta. O fato de o salário mínimo ter subido muito naquele período, arrastando a estrutura de salários em geral, apesar de ter sido um problema para as empresas que não conseguiram elevar junto a produtividade, é algo maravilhoso do ponto de vista de mercado consumidor. Provocou a abertura de novos mercados que nunca haviam sido pensados, especialmente nas áreas mais básicas, como por exemplo, alimentação e do vestuário. Isso tem a ver basicamente com redistribuição de renda para as camadas mais baixas da população, aumento do salário mínimo, e Bolsa Família. Esse processo, da maneira como foi construído, fica mais difícil de ser revertido, até porque geraria um ônus político grande. Então, nesse sentido, sou mais otimista, sim. Olho um pouco mais para frente, para a saída da crise, e vejo que há espaço para crescer. Contudo, não está definido qual modelo de crescimento vingará. Uma guinada política conservadora bem pode recolocar um modelo com expansão do consumo apenas das camadas médias e altas da população; seria um modelo com menos quantidade de produto e produtos mais sofisticados, com maior margem de lucro para as empresas. O debate eleitoral de 2018 deve tratar deste tema.